quarta-feira, 4 de julho de 2012

A desilusão na política é pior do que no amor, diz João Paulo sobre saída de Rands do PT

"O deputado federal João Paulo atribuiu a uma "frustração com a política" a saída do também deputado federal Maurício Rands do PT. "A desilusão na política é pior do que no amor", soltou o vice-prefeito da chapa de Humberto Costa, afirmando em seguida que lamentava a decisão."

Em comunicado, Humberto se diz surpreso com desfiliação de Rands do PT e lamenta decisão unilateral


O senador e pré-candidato à Prefeitura do Recife Humberto Costa afirmou, em comunicado, na noite desta quarta-feira (4), estar surpreso com a decisão do ex-aliado deputado federal Maurício Rands de se desfiliar do PT. "Como candidato espontâneo nas prévias convocadas para escolher o nome do PT na eleição municipal do Recife, Rands teve apoio de lideranças expressivas do partido" , afirma Humberto. O prefeiturável ainda lamentou que a decisão do ex-aliado tenha sido unilateral, "sem um processo de avaliação ou discussão interna do partido".
Humberto lembrou este o apoio ao correligionário porque, na carta que divulgou nesta tarde comunicando a decisão de sair do PT, entregar o cargo de deputado federal ao partido e o posto de secretário de Articulação do Governo do Estado, Rands afirmou que renunciou sua candidatura à Prefeitura por uma imposição.




Durante o imbróglio do PT para decidir o nome que lançaria para concorrer ao pleito de outubro, Rands foi colocado no páreo por aliados como Humberto Costa e João Paulo. Ele chegou a participar de uma prévia contra o prefeito João da Costa - que queria tentar a reeleição -, da qua o atual gestor saiu vencedor. O pleito, entretanto, foi anulado pela Executiva Nacional do PT com o argumento de que houve falhas na organização.

Uma nova prévia foi marcada, mas o Rands desistiu da disputa em favor da candidatura de Humberto, que era defendida pela Executiva Nacional. João da Costa não retirou sua candidatura, mas acabou rifado pelo Diretório Nacional, que impôs a candidatura do senador. O nome de Humberto foi homologado em convenção na última sexta (29).

"Causa surpresa a decisão do deputado Maurício Rands de renunciar ao mandato e deixar a legenda. Como candidato espontâneo nas prévias convocadas para escolher o nome do PT na eleição municipal do Recife, Rands teve apoio de lideranças expressivas do partido.

Diante do acirramento da disputa e dos questionamentos jurídicos suscitados pelas prévias, o PT nacional buscou o entendimento entre os dois pré-candidatos e Mauricio Rands renunciou às prévias em prol desse entendimento.

No processo de definição da candidatura, Rands nunca havia manifestado desconforto com as decisões partidárias. Lamento que sua decisão tenha sido tomada de maneira unilateral, sem um processo de avaliação ou discussão interna do partido.

Reafirmamos a convicção de que o atual momento deve ser dedicado à discussão dos desafios da nossa cidade. Estamos trabalhando com determinação para avançar no processo de mudanças iniciado pelo PT no Recife. Seguimos em frente com Humberto Costa e João Paulo."

Carta de Rands

Coerência política não...encanto pelo poder!

Carta de Maurício Rands ao Povo de Pernambuco

Venho aqui me comunicar diretamente com meus eleitores, companheiros, amigos e com o povo de Pernambuco, em especial com os militantes do Partido dos Trabalhadores - PT, que compartilharam comigo tantas lutas pela democracia e pela construção de uma sociedade melhor.

Nas prévias internas de definição do candidato do PT e da Frente Popular, durante dois meses, participei de intenso debate sobre o Recife e a vida partidária. Interagi com os militantes, na compreensão conjunta de que a melhoria da condição de vida na cidade é um processo de construção coletiva no qual o partido tem grande responsabilidade em servir de exemplo na demonstração de práticas democráticas. Testemunhei todo o engajamento desprendido e consciente de milhares de pessoas nesse nobre debate. Destes militantes, levarei para sempre as melhores memórias e a eles sou profundamente grato.

Depois da decisão da direção nacional do PT, impondo autoritariamente a retirada à minha candidatura e à do atual prefeito, recolhi-me à reflexão. Ponderei sobre o processo das prévias e sobre o momento político mais geral. Concluí que esgotei por inteiro minha motivação e a razão para continuar lutando por uma renovação no PT. Percebi terem sido infrutíferas e sem perspectivas minhas tentativas de afirmar a compreensão de que o 'como fazer' é tão importante quanto os resultados.

As diferenças de métodos e práticas, aliás, já vinham sendo por mim amadurecidas e acumuladas há algum tempo. Todavia, este processo recente fez com que as divergências ficassem mais claras e insuperáveis. Na luta pela renovação do partido, no Recife e em outros lugares, infelizmente, têm prevalecido posições da direção nacional, adotadas autoritária e burocraticamente, distantes da realidade dos militantes na base partidária.

No debate das prévias, minha candidatura buscou construir uma legítima renovação por dentro do PT e da Frente Popular. Mas lutamos, também, para renovar os procedimentos com o objetivo de reforçar as práticas democráticas. Porém, setores dominantes da direção nacional do PT já tinham outro roteiro que não o debate democrático com a militância do PT no Recife e a sua deliberação. Ou seja, cometeram o grave equívoco de ter a pretensão de impor, a partir de São Paulo, um candidato à Frente Popular e ao povo do Recife.

Por não terem dialogado com a militância do PT no Recife, muito menos com a Frente Popular, ignoraram que existiam alternativas, procedimentais e de quadros, dentro do partido, que unificariam a frente em torno de uma candidatura do PT. Com a decisão da direção nacional do PT, lamentavelmente, esta unidade resultou rompida. Diante da minha discordância com essa ruptura provocada pela direção nacional do partido, concluí que cheguei ao fim de um ciclo na minha vida de militante partidário.

É nesse quadro que comunico aqui três decisões tomadas por mim. Primeiro, a minha desfiliação do PT. Segundo, a devolução do mandato de Deputado Federal ao partido. E, por último, meu afastamento definitivo do cargo de Secretário do Governo Eduardo Campos.

Existiram diversas razões que me levaram a este caminho. A mais crucial dá-se no nível da minha consciência. Sempre agi, na vida e na política, com o maior rigor entre o que penso e o que faço. Sempre cumpri os deveres da minha consciência.

Defendi nos debates partidários a renovação do modo petista de governar e a implantação de um novo modelo de gestão no Recife. Modelo capaz de aprofundar nossa concepção de democracia participativa e especialmente de trazer para a cidade métodos e ações que o Governo Eduardo Campos vem praticando de maneira exemplar e com reconhecimento inclusive internacional, mas que a administração do Recife não conseguiu implantar.

Minha experiência como Secretário do Governador Eduardo Campos foi fundamental para entender a importância da política do fazer, com formas competentes e inovadoras de gerir os recursos públicos, atrair investimentos privados e promover a inclusão social.

Ainda nos debates das prévias, defendi a renovação das práticas e dos quadros partidários, bem como a melhoria da articulação política do governo municipal com o parlamento, os partidos da base e a sociedade civil organizada. Nesses 32 anos de militância, dediquei grande parte de minha vida a fortalecer o campo democrático-popular, lutando para aumentar a participação e consciência política do nosso povo.

Amadureci as decisões que acabo de tomar com base em fatos altamente relevantes que impactaram minha consciência de cidadão. Entre estes, a opção da quase totalidade da Frente Popular pela indicação de Geraldo Júlio como candidato a Prefeito do Recife. Trabalhei diretamente com Geraldo Júlio e sou testemunha de como ele foi central para o sucesso do Governo Eduardo Campos. Acredito que Geraldo Júlio é o quadro mais preparado para atualizar e aperfeiçoar a gestão municipal do Recife. Implantando na cidade o que o Governador Eduardo Campos está fazendo em Pernambuco, ele vai melhorar concretamente a vida do povo do Recife.

Estou consciente de que o nosso povo vai entender o significado da escolha de um novo quadro para transformar as práticas político-administrativas na cidade. Geraldo Júlio vai representar a renovação dentro de uma frente política que - espero - seja mantida, mesmo com o lançamento de duas candidaturas no seu campo.

Como esta posição tem graves implicações para minha vida partidária, decidi que devo sair do PT e, com dignidade, devolver meu mandato ao partido. E como gesto concreto de que não se trata de um jogo menor, de barganha por espaços de poder, decidi também sair definitivamente do Governo Eduardo Campos. Esse é o custo, sem dúvida elevado, de ser fiel à minha consciência cidadã. Saio da vida pública e da política partidária para exercer ainda mais plenamente a cidadania.

Recife, 03 de julho de 2012

Maurício Rands

Ex-aliado de Rands solta o verbo contra o ex-petista no Facebook

"O cara renuncia em favor de Humberto. Não dá um pio sobre supostas violências da direção nacional - muito pelo contrário! Aí viaja pros EUA. Tira uns dias de férias e volta com uma novidade: agora, vota no candidato adversário!! E se diz vítima de arbitrariedades do PT e por ai vai. Não saiu da política coisa nenhuma! Tá com o PSB de corpo e alma - hoje e no futuro próximo! Enganou meio mundo de gente - inclusive eu - com seu estilo queijo do reino: vermelho por fora, amarelo por dentro."


Renato L. - Ex-secretário de cultura da PCR e membro da corrente CNB composta majoritariamente por Humberto, Rands, Pedro eugênio, entre outros.